Política
O governo da maquiagem e o país do faz de conta

O governo Inácio parece ter transformado a comunicação oficial em uma fábrica de ilusões. Vive de propaganda, não de resultados. Constrói manchetes, não soluções. Pinta o país como se estivesse no paraíso, mas basta olhar ao redor para perceber: o que existe é maquiagem — e das mais grossas.
Entre 2019 e 2024, os gastos com o Bolsa Família saltaram de R$ 32 bilhões para quase R$ 170 bilhões — um aumento de seis vezes. No mesmo período, o desemprego oficial caiu de 11,5% para 5,7%. À primeira vista, parece uma história de sucesso. Mas a conta não fecha — e o segredo está na metodologia.
Milhões de brasileiros simplesmente desapareceram das estatísticas do IBGE porque desistiram de procurar emprego. Esses são os chamados “desalentados” — pessoas que gostariam de trabalhar, mas que abandonaram a busca por acreditarem que não conseguiriam uma vaga, seja pela idade, pela falta de qualificação ou pela ausência de oportunidades em suas regiões.
Embora não sejam contabilizados como desempregados, representam uma parcela significativa da força de trabalho inativa, movida pelo desencanto e pela desmotivação.
Muitos desses desalentados hoje estão no Bolsa Família, mesmo em condições de trabalhar. São 38 milhões de beneficiários, sustentados por um programa que, na prática, se tornou o escudo político do governo. O truque é simples: quanto mais dependentes, menor o desemprego no papel — e maior o controle político na vida real.
Enquanto isso, o país trava. Empresários não encontram mão de obra, a economia desacelera e o governo comemora um “pleno emprego” que só existe nas planilhas. É o retrato perfeito do Brasil do faz de conta, onde a estatística virou propaganda e a dependência virou política de Estado.
E o descontrole fiscal não fica atrás. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou a intenção de tributar LCIs e LCAs, dizendo que o objetivo “não é arrecadar”, mas “disciplinar o mercado”. Difícil acreditar. A cada semana surge uma nova taxação, um novo imposto, uma nova justificativa — e o contribuinte é quem paga a conta.
Enquanto o governo promete “equilíbrio”, o custo de vida sobe e o poder de compra despenca.
A verdade é dura: o governo Inácio troca trabalho por dependência, autonomia por esmola e verdade por narrativa. Os números são maquiados, a economia perde fôlego e o Estado cresce como um gigante ineficiente — sugando, prometendo e entregando cada vez menos.
O Brasil não precisa de maquiagem. Precisa de coragem — para cortar gastos, estimular o trabalho e devolver dignidade a quem quer produzir. Mas isso exige algo que o atual governo parece ter perdido há muito tempo: liderança e compromisso com a verdade.
Por Flávio Ferraz