Lula já não é mais o mesmo — e o povo percebe. Sua imagem, outrora blindada por carisma e narrativa popular, hoje encontra-se tão ou mais desgastada do que a do Congresso Nacional, um feito que poucos imaginariam possível. Mas não se trata de acaso: é resultado direto de um governo que tenta reviver fórmulas antigas num país completamente diferente.
É inútil insistir em pintar o presidente como vítima de um Congresso hostil. Essa narrativa pode funcionar entre os fiéis mais dogmáticos, mas para a maioria da população, já soa como desculpa esfarrapada. Afinal, Lula governou o Brasil por dois mandatos — e não houve, naquela época, esse suposto bloqueio institucional que hoje é usado como bode expiatório para justificar fracassos administrativos.
A realidade é simples: o desgaste de Lula é um acúmulo de decepções, escândalos e a tentativa frustrada de aplicar uma receita antiga em um novo cenário político. O mensalão e o petrolão não foram apenas escândalos de corrupção — foram cicatrizes profundas na memória coletiva. E por mais que se tente apagar ou relativizar esses episódios, eles continuam vivos na cabeça do eleitor. A percepção é clara: quem já teve o poder e prometeu mudar o país, agora parece mais interessado em manter o status quo.
Enquanto isso, aliados e simpatizantes infiltrados em veículos de comunicação cumprem seu papel: ecoam o discurso governista como se fossem porta-vozes oficiais. “O governo quer baixar a luz, mas o Congresso não deixa”; “o Executivo é refém dos parlamentares”; “a culpa é do Centrão”. São frases ensaiadas, repetidas à exaustão, tentando pintar um Executivo bem-intencionado, travado por um Legislativo perverso. Mas o povo não é bobo — e sabe reconhecer propaganda quando vê uma.
O que está em jogo agora não é apenas a capacidade de governar, mas a credibilidade de quem já teve a confiança popular e desperdiçou. O tempo do “nós contra eles” está acabando. O Brasil mudou — e quem insiste em governar como se estivéssemos em 2003 está fadado ao fracasso.