Itapetinga e Região
LULA SUBIU NO PALANQUE CEDO DEMAIS — É O BRASIL FICA EM SEGUNDO PLANO
Por Flávio Ferraz

O presidente Lula resolveu antecipar — e muito — o tom eleitoral. Em vez de governar, parece já estar em plena campanha pela reeleição. Os discursos inflamados, como o recente em Minas Gerais, são prova disso. “Vamos derrotar a extrema-direita”, afirmou, como se ainda estivesse em 2022, em pleno embate com Bolsonaro.
Mas o cenário hoje é outro. Bolsonaro, embora ainda com influência, está fora do jogo institucional. Mesmo assim, Lula insiste em repetir a polarização que o elegeu. E para manter esse clima aceso, agora tenta rotular como “extrema-direita” nomes que, até pouco tempo, caminhavam ao seu lado em momentos cruciais para a democracia — como Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado e Ratinho Júnior.
Tarcísio, por exemplo, saiu de São Paulo no dia seguinte ao 8 de janeiro para reafirmar seu compromisso com as instituições. Caiado colocou as tropas da PM de Goiás à disposição da ordem constitucional. Ratinho, do PSD, transita pelo centro e nunca foi visto como um extremista. Mas, na falta de Bolsonaro, Lula parece ter escolhido novos alvos para manter vivo o seu discurso de “nós contra eles”.
O problema é que, enquanto isso, o país continua esperando soluções. A inflação preocupa, a economia patina, e os problemas estruturais permanecem. Em vez de apresentar propostas concretas, Lula prefere fazer discurso de palanque. E isso, convenhamos, enfraquece seu governo e o coloca como um presidente mais preocupado com a própria sobrevivência política do que com os desafios do Brasil real.
Ministros do próprio governo admitem, nos bastidores, que seria mais eficaz manter uma agenda propositiva — mostrar entregas, articular projetos, melhorar a vida das pessoas. Mas parece que o presidente prefere repetir a velha fórmula do confronto. Só que desta vez, o adversário não está tão claro. E sem um inimigo forte, o discurso perde força.
O resultado? Um governo que parece paralisado por sua própria estratégia de comunicação. Lula virou alvo e, ao mesmo tempo, deixou de ocupar o papel de líder que propõe e executa. O risco é que o eleitor perceba isso cedo demais. Porque, enquanto o presidente antecipa a eleição, o povo segue esperando respostas.
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