Neste 1º de maio, o Brasil presenciou um silêncio ensurdecedor. Pela primeira vez em décadas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ícone da luta trabalhista, não apareceu nas comemorações do Dia do Trabalhador. A ausência não foi apenas física. Foi simbólica. E carregada de mensagens que dispensam palavras.
Lula, o homem que aprendeu a fazer política nos gritos das greves, nos aplausos das fábricas e nos palanques improvisados diante de operários, escolheu não encarar a classe trabalhadora. O mesmo Lula que transformou seu carisma diante das massas em capital político agora se cala — justamente no dia dedicado à sua base histórica.
A decisão de se ausentar não parece casual. Desde o ano passado, os sinais de desgaste já eram visíveis. Em 2023, vieram as vaias. Em 2024, os protestos. Agora, em 2025, a fuga. O presidente preferiu o silêncio ao risco do confronto. Preferiu o gabinete à praça.
É um gesto que revela muito. Revela medo. Revela desconexão. E, acima de tudo, revela o colapso da relação entre o governo e a classe trabalhadora. Os sindicatos, antes braços fortes da mobilização popular, hoje estão esvaziados. A CUT, por exemplo, perdeu metade de seus filiados nos últimos anos. As manifestações, que antes mobilizavam avenidas, mal lotam uma praça.
E não se trata apenas de falta de apoio, mas de mudança de prioridades. O trabalhador brasileiro cansou de retórica. Troca “revolução” por “emprego”. Troca “luta de classes” por “comida na mesa”. Não quer mais promessas, quer resultados. Quer segurança, salário digno, preço justo no mercado. Quer viver — não sobreviver.
Enquanto isso, o país enfrenta 9,4% de desemprego, inflação de dois dígitos em itens básicos e juros que ainda figuram entre os maiores do planeta. A realidade fala mais alto do que qualquer discurso de palanque. E, quando a realidade grita, o silêncio do líder se torna ensurdecedor.
A verdade é simples: Lula perdeu o termômetro das ruas. E pior — parece saber disso. Por isso se esconde. Por isso evita. Mas um líder que evita o povo perde o direito de falar em seu nome. E quando isso acontece, não há marketing que segure. Porque, no fim, o povo sempre encontra outro que fale o que ele sente.